quarta-feira, 28 de maio de 2008


* Sobre o temporal *

Ela estava voltando para a casa, mas não daria tempo. O céu estava cinzento e tormentoso, pequenas faíscas prateadas o riscavam de ponta a ponta.
Apressou o passo, no entanto os pés doídos com a botina escura e alta não pareciam ser mais comandados por ela. A parte inferior do pé estava dormente e por mais que ela aumentasse a velocidade da caminhada não conseguiria.
E isso não se deve ao fato de ser "pessimista" como a mãe dela falava. A chuva estava chegando e ela só pensava em conseguir chegar.
Estava com uma mochila nas costas, no braço levava uma sacola com algo bonito dado por ele, e ainda a bolsa pesada com mil apetrechos que a acompanham por aí.
Na medida que vencia ruas e ruas, ela enxergava pelas janelas uma corrida contra o tempo. Eram senhoras tirando as roupas do varal, eram crianças procurando guarda-chuvas. Eram homens fechando as persianas.
Ela deveria ter ouvido ele.
A sombrinha prateada estava ali, mas ela com a velha preguiça e uma certa impertinência não se vergou ao pedido dele. Dona de si saiu porta a fora quando ele ainda falou:
- Tu não vais levar mesmo?
Naquela hora ela deixou um beijo com ele, contudo levou consigo aquela teimosia que lhe era inerente. Agora não poderia reclamar, não tinha chegado nem na rua da República e o céu parecia querer transbordar.
A chuva iniciou lavando os carros que passavam, os altos apartamentos, as senhoras baixinhas. E ela, coitada, não sabia o que fazer.
Uma enxurrada sem fim vinha, nem o maior guarda-chuva que existisse seria capaz de conter aquela torrente molhada.
Estava acostumada com as outras vezes quando ficava "encharcada" de água de chuva e não emprestavam nem toalhas para ela se secar. Naquele tempo que ela só conhecia gente egoísta, chata, apática.
Daquelas vezes em que poderia se afogar num temporal e que não sentiriam falta dela.
Mas dessa vez, era diferente (presentemente alguém a amava).
Foi quando ELE surgiu.
Não num cavalo branco como as historinhas da carochinha exigiam.
Ele vinha num barquinho diminuto, feio e descascado para tirá-la dali.
Quando o viu, ela pulou para dentro do barco. Sorriu. Esperou ouvir um: "eunãotedissequeiriachover?". Todavia, ele segurou as mãos umedecidas dela, as enrolou em seu cachecol branco e como um genuíno príncipe encantado disse:
- Eu te amo e SEMPRE te salvarei.

PS: Porque poderá haver desfechos que eu invento, mas existe uma história de amor real que nós dois vivemos.

3 comentários:

Unknown disse...

Naty.... me a-r-r-e-p-i-e-i toda lendo o final da poesia. Que coisa mais linda e gostosa de se ler.

Beijos, querida.

T disse...

Aii, que mais lindo *-*

Anônimo disse...

Oi, meu amor.

Tadinha que tomou chuva.
Pena que tu é teimosinha.
Mas eu te amo mesmo assim e para sempre te amarei!!!

TE AMO!