sexta-feira, 31 de outubro de 2008


Da série postagens antigas - parte XIII - texto do dia 10/11/2006.



* Para o final do dia *

Eu queria agora sentar ao teu lado.
Repousaria minha mão esquerda sobre a tua perna direita (e seria feliz).
Falaria sobre os sonhos bons
(sonhos de rosas vermelhas e toques de canela que nem num momento triste desapareceriam).
Te contornaria o lábio com minhas vontades (não mais adormecidas).
Te teria inteira, ao meu lado se eu agora estivesse sentado ao teu lado.
Quando te beijo, creio em Deus.
Creio nos campos de girassóis perfumados.
Creio no pra sempre.
Creio em dias ensolarados e em toda a purpurina existente para colorir uma tatuagem que ainda não tenho
(e é teu nome que levo no coração).

quarta-feira, 29 de outubro de 2008


* Da conclusão *

Querida, eu bem sei que num mundo de coisas transitórias quase tudo que encontramos têm como limite a austera finitude.
Infelizmente o feijão não durará até o último dia do mês.
As andorinhas irão embora quando o verão findar.
Joana D´Arc a heroína acabará sendo considerada uma hora ou outra louca.
A infância de Sofia perdurará tempo necessário para que ela conheça o filho do vizinho do sétimo andar e se apaixone.
Deus um dia nota essa parca vontade, esperança e se cansa de todos nós.
As borboletas, não aquelas confeccionadas de asas de papel crepom e imaginação, duram apenas 24 horas.
O silêncio poético, reconfortador que mora no casebre abandonado terá seu fim quando invadido por vozes ríspidas, interesseiras, vazias, dominadoras que desejam em seu lugar grandes "espigões" para futuros lucros.
A alegria das bocas-de-leão no jardim terminará com os raios mornos sendo levados pelo pôr-do-sol.
A barriga parará de doer depois de rires daquela piada que eu já contei cerca de quarenta e sete vezes para ti.
O braço esquerdo de Eleonora não roçará no braço direito de Ângelo, e ela chorará durante três anos pela falta dele e por mais que ela queira encontrá-lo no final do dia na cama quente só conseguirá tocar com as pontas dos dedos a ausência dele.
O pó de café extraforte acabou mais cedo essa semana, fomos até o mercado e constatamos um preço exorbitante, não haverá como comprarmos mais, então usaremos nescafé e "bateremosbateremosbateremos" até sentirmos um gostinho talvez bem pouco do expresso que estamos habituados.
E até o poço, que o menininho julgava ser infinito, descobrimos ter um fim quando retiraram de lá aquela boneca de pano com olhos de botões esverdeados.
A última linha do roteiro do filme de amor foi escrita e não descreveram o beijo dos dois personagens que passaram a história toda se amando. Ficou o fim selado com um baixinho e triste: "Até logo, garota".
Mas apesar disso tudo, eu peço que por favor entendas logo, o meu amor por ti é "ad eternum".
PSI: Eu sei que a recíproca é verdadeira. :D
PSII: Adorarei morar contigo no final de semana. :D

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Da série postagens antigas - parte XII - texto do dia 09/11/2006


* Das possibilidades - parte III *

Amor,
cura minhas cicatrizes,
segura minhas mãos,
despe-me dos pudores,
abre os botões da camisa branca e velha,
me salva de um mundo "marasmento",
tenha-me sempre que quiseres,
usa-me como tua fragrância predileta,
conte-me tuas histórias,
dance comigo nos finais dos bailes,
desata os nós que me contornam,
deixa que teus olhos transbordem quando assim quiserem,
recorta velhas fotos,
desmancha elos desnecessários,
canta as músicas que me fazem feliz
(e as letras que me deixam sem reação),
suspira,
dorme comigo até tarde,
esquece das contas pra pagar (só hoje),
come cheessecake com calda de amora (deixa eu ser a tua calda quente de amora),
escreve a poesia perfeita pro dia que foi "o" dia,
viaja pra longe (mas volta),
aperta seu peito contra o meu,
deixa que a sua franja caia no meu rosto,
deixa que meu cabelo escuro acaricie tuas costas,
permite que eu entre no seu mundo (que eu viole as tuas normas),
sorria (quando assim for a tua vontade),
deita no meu ombro (quando quiseres esquecer),
faz o que quiser (sempre que quiseres),
só não me priva de você.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008


* Sobre as coisas em comum *

Madeleynni, por obra de sua mãe.
Não compreendia as excentricidades de sua mãe, tampouco esse nome esdrúxulo que lhe havia ofertado.
Ninguém sabia mais que ela como era difícil carregar um nome com uma grafia tão esquisita. Sentia-se a última das moças. Queria ter um nome desses acolhedores. Maria, Joana, Beatriz, mas Madeleynni não lhe reconfortaria.
Deve ser por isso que quando viu Francisco pela primeira vez teve certeza que se pra nomes sonoros não havia nascido, para o amor sim.
Conheceu Francisco na frente do supermercado.
Não foi dentro do super, perto do caixa, na fila do pão, procurando esmalte cor "Morangos Silvestres" para as unhas bem cuidadas. Foi fora do estabelecimento que sentiu uma pontinha de frescor no estômago quando o viu.
Era uma sensação diferente que lhe a preenchia. Madeleynni sentia como se tivesse bebido três ou quatro enxaguantes bucais e só assim explicaria aquela sensação. Estava tomada pelo amor e ainda não compreendia.
Francisco estava parado, terminando o cigarro. Ela sentiu um aroma de menta, mas menta defumada. Guiada pelo cheiro adocicado olhou para o lado antes de comprar os ingredientes para o fricassê que faria.
Acabou encontrando com os dois grandes olhos castanhos o final do "Sampoerna" sendo degustado pelo cara de sua vida.
Pensou em dizer algo inteligente, mas acabou saindo:
- Moço, tu sabias que cada cigarro corresponde a 11 minutos a menos de vida?
(e ainda pensou antes de qualquer aceno dele que era uma burra, ai que idiota. I-di-o-ta!!! Tinha que acabar solteira, solitária, velhinha blasfemando falsos amores num asilo cheirando a mofo. Com um nome daqueles não poderia esperar mais que isso. Que raiva!!! Ai, Madeleynni tu não aprendes).
Francisco, que ela ainda não sabia se chamar assim, com a elegância que lhe era intrínseca, cordialmente respondeu:
- Tomara que não corresponda esse tempo aos minutos finais de uma partida do Grêmio. Isso seria uma tremenda sacanagem divina.
(disse rindo).
Madeleynni voltou a abrir o sorriso. Um gremista. Um cara bonito como ele, bem humorado como já havia notado e torcia pelo tricolor gaúcho. O que mais ela queria? Já se imaginando ao pé do altar ao lado daquele moço atraente, ela prosseguiu.
- É ótimo estar em primeiro no campeonato brasileiro, não?
Francisco ficou mais empolgado e foi logo perguntando:
- Tu viste aquela do Stevie Wonder com a camiseta do Grêmio e uma frase abaixo: "Não vejo nada a minha frente"?
Gargalhada comprida e ela disse:
- Muuuuuuuuito boa. Não vi ainda não. Mas já morri de rir só imaginando.
Ele se acalmou um pouco, retirou um bloco de dentro da pasta e questionou Madelleyni:
- Por favor, me diz qual é teu e-mail e eu poderei te mandar.
Ela coçou a nuca levemente e respondeu:
- Bom, antes tu precisar saber que me chamo Madeleynni. Com um "Y" e dois "N". Coisas de mãe.
Ele como sempre gentil rebateu:
- Bom, eu me chamo Francisco. Mas os íntimos me chamam de Chico. Posso te chamar de Made?
Madeleynni não se aguentou:
- É esse. É esse meu apelido. E o meu e-mail é made81gremista@hotmail.com
Ele anotou e após prosseguiu:
- Tens 27 anos também! Em que mês fazes aniversário?
- Maio. Primeiro dia de gêmeos e tu?
- Eu faço em setembro. Libriano. Mas tu estás bem para 27. Nem parece. Coroa enxuta!!!
Riram os dois juntos. Entretanto ela estava com pressa. Deu um beijo entre o lábio e a bochecha esquerda dele e ainda disse:
- Aguardo o Stevie, hein???
E saiu correndo.
Ele ficou ali parado, tentando se acordar de um sonho tão bom quanto àquele.
No outro dia, quando Made se acordou foi direto pro computador, abriu sua caixa de entrada e leu e releu o e-mail já irremediavelmente apaixonada:

De: Francisco D. (chico81gremistao@hotmail.com)
Assunto: O prometido!!!
Enviada: quinta-feira, 7 de agosto de 2008 20:19:08.
Coincidência, não?
Sim, meu par de olhos amam olhar os teus.
E eu não páro de pensar em ti.
Beijo.

PS: Parte do nosso primeiro e-mail trocado transcrito.
PSII: E acho que nós dois ainda sofremos do mesmo mal. Não conseguimos parar de pensar um no outro. Te amo!!!

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Da série postagens antigas - parte XI - texto do dia 06/11/2006


* Na cafeteria *

Sobre a mesa, uma pasta, uma bolsa, um guarda-chuva preto (e um céu que não queria chover), adoçante, açúcar (esqueceste de pedir o mascavo), sorrisos largos, uma bandeja "suicida", uma fatia gigantesca de torta (que tu juraste que não comeria inteira), um café com leite, um expresso duplo, pequenos goles, grandes planos.E quatro mãos que matavam a saudade.
- Um dia, casa comigo?
- Caso.

PS: Porque de vez em quando a poesia não está nas linhas, entrelinhas, reticências, letras do Djavan, na voz da Marisa. De vez em quando a poesia habita dois corações. E apenas dois corações sabem do que são capazes.

PS do dia de hoje: E venho casando contigo todos os dias da minha vida. : )

segunda-feira, 20 de outubro de 2008


* Do verbo amar *

É que eu andava sozinho com roupas sufocantes, gravata apertada, meias monocolores, paletó opaco.
E foi aí que eu te vi, meninas das cores bonitas.
E tu me sorriste primeiramente com a elegância a qual usam aqueles que nos cumprimentam numa rua qualquer onde há uma miscelânea de rostos, vestes e solidões.
Eu até cogitei ficar lastimoso pensando que nada entre nós dois se realizaria, mas antes disso tu me olhaste uma segunda vez, descerrando dessa vez um sorriso daquele jeito que só as pessoas que encontram o amor conhecem e fazem. E eu petrificado te correspondi.
Tu quiseste me falar como se soletravam teus dois sobrenomes rebuscados de origem européia.
Eu quis confessar-te que apesar de ser um tanto brega que eu adorava musicais e queria ver "My fair lady" contigo, entretanto naquele dia fomos interrompidos e a vontade de te ter para mim ficou perdurando, ecoando no meu peito.
Quando eu me permiti te amar, sentei-me num banco de concreto de uma praça, embaixo de um sol morno que deixou meus dois olhos castanhos apertados, com uma folha caderno e uma caneta "bic preta" fiz uma carta para ti.
Lembro-me da primeira frase:
"Tu não és uma moça como as outras e por isso que eu me apaixonei por ti".
Mas achei meio direto demais e como tu bem sabes vivo em meio de perífrases e poesia. Achei então mais convincente caminhar sete quadras e meia que nos distanciavam, te entregar gérberas amarelas (os "girassóis disfarçados"), abraçar teus braços pálidos acolhedores e deixar de ser um cara desalentado.
Desde aquele setembro comecei a sentir uma alegria do nada, uma vontade constante de esboçar um semblante sorridente.
Eu passei a ter certeza que alguma coisa mudava dentro de mim.
Alguma coisa acontecia com o meu músculo avermelhado ( e a responsável, meu amor, és tu).
Então fui correndo até o espelho e lá vi a silhueta de um homem (agora) completo.

PS: Para ti, que és pedaço de mim. : )

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Da série: postagens antigas - parte X - texto do dia 05/11/2008.


* Brincando de casinha *

Se eu pudesse te daria todos os meus sorrisos,
todos os meus sonhos esquecidos,
todos os meus beijos rápidos
e também os beijos longos.
Se eu realmente pudesse te entregaria o meu coração,
todos meus devaneios,
todos os segredos,
o mapa da minha alma,
a receita favorita de omelete.
Te ofertaria os carinhos todos aos teus braços brancos,
os abraços demorados,
os suspiros,
os meus bons modos,
minha malícia,
minha colcha de retalhos,
te faria cachoeiras.
Te faria minha (só minha).
Se eu pudesse te colocaria no meu colo...
te deixaria confortável junto ao meu corpo
(e te faria pra sempre feliz).

segunda-feira, 13 de outubro de 2008


* Dos setecentos e trinta dias de poesia *

Devo dizer que não foi por acaso.
Que foi o destino o responsável disso tudo.
Devo dizer que não foram as asas de borboletas.
Nem os murmúrios dos passarinhos.
Nem os pés de ipês que ficam sorrindo para nós dois no mês de setembro.
Tampouco o campo de girassóis lá de Encruzilhada do Sul.
Nem meus dedinhos cruzados embaixo da mesa quando decidi lutar por nós.
Foste tu quem trouxesse aos meus dias a ternura, a candura que um dia assim molequinho desatento eu havia perdido.
Tu seguraste as minhas mãos e a covardia inquilina do meu peito saiu correndo, fugiu e nunca mais voltou.
Minha alma agora é partida em dois, metade habita em mim, metade habita em ti.
Foste tu, menina dos olhos de eterna primavera, que me disse que amor é doce-de-leite lambuzado em uma grande fatia de cuca. E desde então eu tenho optado a viver o lado doce de um mundo um tanto amargo.
Parece que foi ontem mesmo que fizemos dois meses e tu falaste que estávamos já predestinados. Agora com dois anos, te digo querida, nossas próximas vidas já estão previamente entrelaçadas.
Eu deveria ter-lhe dito antes de tudo começar: sou um homem triste.
Mas hoje ao teu lado, apenas sei sorrir. Sou reservado ao amor.
Contigo quero ser feliz (antes de mais nada).

PS: Dois posts pra comemorar um amor bonito como o nosso. : )
Da série: postagens antigas - parte IX - texto do dia 01/11/2008.


* A promessa *

Se o meu coração pudesse falar, querida.
Se o meu coração ousasse ter voz, ele diria teu nome.
Falaria das vezes em que te encontra do outro lado da rua e gostaria de poder ser mais breve que todos aqueles carros importados, feios e frios que atravessam a Mostardeiro.
Quando tu pousas tua mão direita na testa evitando o forte sol pra que possa enxergar melhor a sinaleira ficando ainda mais bonita
(e se tu soubesse da ansiedade que sou tomado nesse momento).
Meu coração diria das horas em que perco tentando reconstruir mentalmente o tom exato do teu perfume, do cheiro da tua pele, do gosto do teu lábio inferior, do teu abraço acolhedor, da textura da tua camisola verde clara, das tuas mãos que dançam com as minhas um tango doidivanas.
O meu músculo escarlate falaria da saudade que sente quando tu olhas pela segunda vez pra trás para dar um último adeus (e eu sempre fico ali arrebatado, doente de amor orando pra que tu possas ficar mais cinco minutos).
Se a minha poesia, se a minha alma, se meu canto desafinado, se meus dedos, se meus castanhos olhos pudessem te ofertar uma parte apenas da felicidade com a qual me acomoda... te tomaria no final da tarde, te prenderia em meus braços e nunca mais te deixaria.

PS: Dois anos em que eu sei apenas o que é o amor. : )

quarta-feira, 8 de outubro de 2008


* Pra quando nossa hora chegar *

Estava com a roupa toda amassada na esquina do bazar esperando o bonde passar.
Todas as suas quartas-feiras eram assim. Duas horas e trinta e quatro minutos ao lado dele e seu vestido florido coitado é quem pagava o pato, ficava todo amarrotado, mas ela nem conseguia pensar nisso. Aliás, trazia no semblante algo novo. Um sorriso feito de pequenas estrelas.
Deveria ter dito a ele que seu nariz fungava um tanto só de ter um pensamento onde ele estivesse presente. E que seus olhos queriam fazer correntezas.
Também queria ter dito que adorou a echarpe que ele havia lhe dado de presente. Queria ter dito que achou bonito ele ter se preocupado em saber qual era a cor da echarpe quando entregou a ela repetindo por três vezes:
-É coral, viu? Coral. Deve ser coral porque tem a tonalidade daquilo que os peixinhos do mar fazem de morada.
Ela nem se preocupava quase em ter que chegar em casa uma hora daquelas.
Em ter que segurar aqueles pacotes do supermercado abarrotados de compras pra sua mãe.
Muito menos de sacolejar dentro daquele bonde por quarenta e sete minutos.
Aqueles momentos vividos ao lado dele foram luz, pozinho de purpurina, alimento para alma de uma menina-antes-sozinha que hoje era par de alguém. Par do moço mais gentil do mundo.
Até chegava a crer que havia nascido pra viver aquele "conto de fadas".
(Deus os havia feito numa mesma fôrma, mas como ele demorou um tanto mais para secar por causa da umidade das nuvens cinzentas, ela desceu um pouquinho antes - com aquela pressa que lhe era inerente).
Ao lado dele seria eternamente aquele primeiro mês de setembro sob o sol do Gasômetro.
Transbordavam de sonhos, mesmo que ainda separados por algumas ruas de Porto Alegre, sabiam que desde sempre estavam destinados um ao outro.
PS: Amor. Amor. E ainda amor.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Da série: postagens antigas - parte VIII - texto do dia 29/10/2006.


* A verdade sobre o amor *

O espelho mostrava o enlace das pernas, quatro pernas que formavam duas aspas abstratas, dois mundos que se encontravam ali.
A imagem refletida deixava transparecer a primeira (e última) possibilidade de amor (amor assim, verdadeiro).
Dentro da concha dormiam (com os olhos cerrados) e sonhavam (com dias bonitos que ainda viveriam).
Escreveriam a sua história em pequenas placas de "néon" (só pra te plagiar).
Diriam sim àquela sensação que deixava as duas nucas quase sempre arrepiadas.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008


* Da vez em que soube que seríamos o oito deitado * ou ainda * Da eternidade*

Também não sei quando bem quando foi.
Não saberia analisar o momento exato em que eu soube que seríamos para sempre.
Deve ter sido numa dessas vezes em que é final de festa, todos estão um tanto bêbados com a cerveja meio quente e tu ainda estás saboreando a primeira latinha, já quase não ri das coisas que são ditas, envolve o braço esquerdo sobre mim e diz: "Mais vinte minutos e vamos embora". E eu fico esperançado projetando mentalmente que poderemos dormir cerca de sete horas em forma de "conchinha".
Ou pode ser aquele dia em que colocou no prato um grande pedaço de panetone e separou com a destreza de um cirurgião as frutas cristalizadas uma a uma, deixando no canto do prato e quando eu te perguntei o porquê dessa implicância tu falaste: "Prefiro as frutas vivas". Eu não entendi muito bem, mas me deu um sorriso e nesse momento tu já me ganhaste.
Ou vai ver que foi naquele sábado chuvoso, quando não queríamos por nada do mundo sairmos de casa. Só que daí eu disse: "Vontade de um expresso". E tu falaste: "E uma fatia de torta, com ovos moles. O que achas?". Eu ainda cogitei dizer que estava tentando cortar os doces, que queria diminuir os carboidratos, mas nesse meio tempo tu já estavas de pé, colocando o casaco azul turquesa e procurando o guarda-chuva prateado. E eu cedi aos teus encantos e a essa tua doçura incontrolável.
Também pode ser por tu seres linda no agosto (mês asqueroso), na entrada da primavera, no verão... e até no outono com as árvores todas nuas onde tu apenas consegue colorir os quarteirões inteiros.
Ou talvez seja por cada partida que me dói. Cada vez que o final do dia vem nos amedontrar e tu tens que ir pra tua casa e eu pra minha. E tu quase sempre falas como será bom quando morarmos no mesmo apartamento. E eu respondo que será incrível ter o mesmo endereço que tu.
Ou quando eu estou amuado porque a bolsa de valores fechou em queda, o Grêmio perdeu, não estudei o bastante e tu vens dizendo que tudo ficará bem. E faz a "dança do cachorrinho" só pra eu lembrar que os problemas são ínfimos quando encontramos a nossa metade.
Ou seja pela maneira como teus olhos verdes quase me cegam com delicadezas em dias nos quais nem eu mais acredito.
PS: Final de semana de comemorações. :D

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Da série: postagens antigas - parte VII - texto do dia 27/10/2006.


* Ao pé do ouvido *

- Pra sempre.
- Pra sempre, enquanto me quiseres.
- Olha a promessa.
- Não irei embora.
- Não irás embora nunca.
- Tá então, nunca.
- E numa próxima vida?
- Tu falaste que não me reconhecerias. Que eu teria que optar por viver tudo nessa vida.
- Mas tu, sim.
- Eu?
- Tu vais me reconhecer.
- Bom, se tu usares ainda a mesma franja caída nos olhos.
- Combinado.
PS: Todo o meu amor é teu. ; )