terça-feira, 29 de dezembro de 2009


* Do oito deitado – parte VII *

Estava tudo bem atribulado, corrido, mas aí no meio do expediente, resolvi escrever para ti um poeminha.
Nada assim que seja capaz de desmanchar um coração gélido de uma senhorinha que nunca acreditou no amor,
ou de mudar rumos, de mudar a trajetória de uma pipa multicolorida riscando num "céu-fim-de-tarde-púrpura".
Mas um poeminha capaz de fazer com que tu saibas o quanto acredito no mundo, no amor, nas pessoas, pelo simples fato de tu estares aqui (ao meu lado).
E devo dizer que ontem quase morri do coração quando tu desapareceste.
Imaginei o infortúnio que correria pelas minhas veinhas pelo resto dos dias.
Me senti desconsolado com o telefonema de tua mãe e tentava desesperadamente reconstruir mentalmente todos os passos que tu havias dado até chegar na beira do rio.
Melodramático como bem sou, te imaginei sendo devorado pelas ondas do lago mal cheiroso, afundando. E o mais triste, sem eu ter cumprido a minha principal promessa.
E eu fiquei lá pensando: “Deus, faça que ela volte!”.
Bem, e Deus sabe bem o que faz.
E tu, sendo uma menina-princesa não mereceria um fim desbotado como esse.
Aliás, se um dia vier o “The End”, tu merecerias um com luzes neon piscantes que diriam: “Aqui jaz a princesinha do castelo de sonhos do menino ruivo”.
Não gosto de falar sobre finais.
Então retorno para os inícios. Começos. E recomeços.
Nosso verdadeiro encontro aconteceu na terceira ou quarta vez que nos avistamos.
Gosto como tu defines.
Aconteceu um “click” dentro de ti, e tu me procuraste.
Eu devo dizer que comigo foi um tanto diferente.
Dentro de mim ocorreu uma avalanche de sensações. Meus lábios começaram a ensaiar só o teu nome. Teu nome que rima com mel, céu, dossel, carrossel... teu nome que rima apenas com coisas realmente bonitas.
Era como se antes eu estivesse preso em um calabouço pequeno, estreito, claustrofóbico. Antes de te conhecer, era como se eu estivesse numa peça teatral, onde eu era o menino que carrega as calêndulas alaranjadas, desamparadas numa cesta. Um personagem adorável, mas ainda assim um mero figurante.
Gosto de saber que contigo eu posso ser o galã principal do filme, gosto de saber que quando começar a chuva “cenográfica” terei a ti para ensaiar desajeitados passos de dança numa imensidão azul.
Que serei eu quem secará as gotículas que ainda restarão no teu ombro após as filmagens.
Vale ainda dizer, desde que entraste na minha vida, meu coração pulsa cada vez que ouve o teu.