quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Da série postagens antigas - parte XVI - texto do dia 17/11/2006.


* Enquanto dormem as crianças *

Quis sentir novamente aquela sensação antes do beijo nas escadarias do prédio quando tinha o peito em brasa, a cintura escorria água, a boca que salivava e as mãos que não a deixavam fazer o mínimo movimento.
Não escaparia daquelas mãos que a prendiam.
Ficariam ali até serem expulsos pela noite, pela tristeza dos vizinhos.
Ele então aproximou-se mais e com a língua adocicada tocou a língua dela.
E ela sentiu um pequeno arrepiar que lhe foi tomando conta.
Como se mil fadinhas minúsculas beliscassem todo seu lado direito.
Não aguentou.
Queria ter permanecido imóvel, mas não conseguiu segurar aquela ânsia.
Entregou-lhe a língua, o pescoço, a nuca, a boca, a alma (era das pontas dos dedos dos pés até a mecha cereja do cabelo toda dele).
Ele a tocava com as mãos ansiosas, com as palavras (poesia) que descobrira um pouco antes. Cantou um trecho de uma canção de amor na orelha dela.
Deixou úmida aquela orelha e ela quase não se segurou.
O universo dos dois caberia em dois degraus de escada (e no pra sempre que os aguardava).

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