quarta-feira, 3 de setembro de 2008


* Para nós que somos abraço *


Não a distinguia mais dentre outras.
Apesar de ter sido tão próximo dela desde tenra idade até seus vinte e poucos anos não a reconhecia.
Ele tinha se ligado a ela numa manhã de agosto quando ficou sabendo que tudo estava fadado a dor, à solidão, aos tristes pensamentos, aos anseios carnais sem um outro corpo para acalmá-lo.
Estava tão conectado a ela que já se acostumara a chamá-la de "Zinha" para parecer mais hospitaleiro, menos hostil, mais compreensivo com as poucas coisas boas que ainda ocorreriam com ele.
Sentava-se na cadeira procurando a posição que lhe deixasse com a coluna totalmente desaconchegada e só aí sossegava. Forma de penitência. Tinha que tolerar ter aquela senhorinha desagradável ao lado. Tristeza, para os mais íntimos, como ele, poderia ter como alcunha "Zinha".
Em meados de dois mil e quatro, lá ia ele com "Zinha" enroscada em um dos seus braços se arrastando pela rua da República.
Era um homem sem sonhos já.
E isso fazia doer a garganta quando falavam dele assim.
Mas para aquelas pessoas que ainda devaneiam com finais bonitos dignos de filmes das matinês que nossos avós assistiam deixo revelado um dos maiores segredos que alguém poderá lhes confidenciar: o amor SEMPRE acaba nos encontrando.
(Sempre em letras maiúsculas sim).
Desse modo ele pode explicar o que aconteceu quando largou a mão da tristeza, uma feia senhora corcunda de hálito cheirando a mofo, sorriso de poucos dentes amarelados, um soluçar angustiante e se agarrou como pôde naquela moça loira que trouxe um setembro com flores de ipês que cobriam as quadras cinzentas de Porto Alegre inteiramente.
Sim, ele jura para vocês que quando a viu, esqueceu das mazelas, dos sentimentos pouquinhos, das pétalas que só lhe entregavam "mal-me-quer" e acreditou.
Porque todos estamos predestinados ao amor. No entanto, nem todos nós estamos dispostos a lutarmos por isso.
E ele, batalhou muitos dias angustiantes de agosto para ter um setembro sorridente.
As verdadeiras histórias de amor começam onde menos podemos imaginar: em finais de festas de formatura, em broches madrepérolas furtados, em cortes de cabelo inusitados que merecem um elogio, em separações necessárias, em agostos enfadonhos que desabrocham setembros floridos, em telefones desconhecidos colocados em bolsos de paletós, em promessas que fatalmente acabam se concretizando.
Ou ainda num simples sorriso com os olhos de um primeiro encontro (como o que ocorreu entre nós dois).

PS: Adorei o café, amor. : )

6 comentários:

T disse...

Adoro a sutileza com que você descreve o amor *___*

Babi disse...

Que delícia esse texto! Eu amei e que o amor de vocês seja sempre "um sonho bonito" sem direito a pesadelos e insônia!
Beijinhos e um ótimo final de semana!
:*

Anônimo disse...

Lindo texto, delicadeza que encanta.

Anônimo disse...

Tuas palavras fazem a gente sonhar...acreditar de novo!

Anônimo disse...

Tu és a pessoa mais linda que eu já conheci.
E um futuro ao teu lado (lindo) é a única coisa que tenho real certeza neste mundo.
TE AMO MINHA LINDA!
Minha escritora. :)
Um beijo do teu amor.

Anônimo disse...

"Porque todos estamos predestinados ao amor. No entanto, nem todos nós estamos dispostos a lutar por isso."

Amei Mami, vou roubar (pegar emprestado...) tá?

bjbj