* Para celebrar setembro (que finalmente chegou) *
Clarice adentra o quarto, breve e de uma vez só, diz:
- É primavera. E agora?
Ele pensa. Queria dizer que “ainda bem que terminou aquele agosto”, que está com o joelho doído por causa da batida na mesa onde fica a impressora no seu trabalho, que a tal TV de LCD está em promoção naquela loja do shopping, e principalmente, que a ama muito. Mas só saiu uma frase atropelada, sem pontuação nenhuma, algo assim:
- Ué, a gente continua sendo feliz.
Ela balançou a cabeça. Como fazia há quase cinco anos. E murmurou, contrariada:
- Amor, eu preciso de um pouquinho de objetividade. Eu terei que decidir o que faremos?
E ele, com a mão no queixo, sentado na poltrona forrada do tecido com desenhos de hibiscos rosas e lilases, declara:
- Lembras da formatura? Eu lembro bem. E tu falaste, com um sorriso em lábios cor fúcsia, fazendo um breve afago nos meus ombros: “Vamos combinar de sair um dia desses!”.
Ela:
- Sim, mas por que a recordação?
Carlos, dessa vez sorrindo, diz:
- Desde aquele momento, eu não sei bem qual será a tua próxima ideia, plano, projeto. No entanto, uma coisa sei, estarei ao teu lado.
Clarice deixou cair uma lágrima atrás do óculos vermelho.
A vida era meio complicada,
o seu chefe era chato,
a viagem a trabalho para o “fim do mundo” ainda poderia acontecer,
a samambaia era muito grande para a pequena sala do apartamento dos dois, mas o amor... bom, o amor havia lhes encontrado.
PS: Natália, o retorno. : )