* Confissões de um moço enamorado *
Olhe bem, eu não deveria te revelar o mais secreto dos segredos.
Deveria permanecer mudo, matutar quietinho com meus sonhos silenciosos.
Eis que tu surges.
E não dá para se calar diante tamanha beleza.
Tens uns olhos frescos, matutinos. Eu te digo, é o breu do quarto e eu juro, ainda assim vejo teus olhos cor de pasto beijado pelos primeiros raios solares do dia.
A mulher mais bonita do mundo, é minha namorada.
Dois faróis "verdes-Listerine", não sei se alguém mais tem olhos assim.
Uma pele clara.
Descorada.
Uma pele que só as bonecas de porcelana têm.
As bonecas de porcelana e tu.
És tão suave.
Tão branca.
Tão neve, tão leite, tão... e faltam os adjetivos.
E eu torno a repetir, a mulher mais bonita do mundo... é minha namorada.
Tens uma nuca graciosa.
Uma nuca que parece ter sido esculpida.
Uma nuca que numa poesia rimaria com "bela".
Desculpem-me as mocinhas que desfilam em seus grandes saltos, com pó "nude" para amenizar as olheiras, com jeitos delicados e ensaiados, com aquele mesmo blá-blá-blá intelectual de quase sempre.
A mulher mais bonita do mundo, é a minha namorada.
Queria ser um pedaço daquele casaco turquesa que tu tens.
Te abraçaria pelas costas lisas pelo inverno todo (que castiga Porto Alegre).
Seria um "tecido-amor" para esquentá-la durante os meses de julho, agosto.
Em setembro, eu seria uma florzinha de ipê-lilás que adorna a tua orelha esquerda.
Tens uns dedos longos.
"Dedos de pianista" - como diria teu pai. De elegância em forma de mulher.
Tinha 15, 16 anos e nem sabias da minha existência. Naquele momento, te elegi a minha musa predileta dessa ciranda doida que se chama vida.
És erva-doce no meio da erva-daninha de todos os campos.
A mulher mais bonita do mundo, é minha namorada.